Le Monde Animal
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quarta-feira, 6 de abril de 2011
Pombo Correio
O Pombo-correio
O Pombo-correio é uma ave da ordem das columbiformes, da família dos pombos e tórtolas, onde existem 285 espécies.
. A sua plumagem densa, o seu corpo e a sua musculatura adaptados fazem dele um voador capaz de percorrer 800 km num só dia. Voa à velocidade de 50 km/h com forte vento contra, podendo alcançar os 120 km/h com vento a favor.
. Certas raças de pombos, podem apenas voar, ao invés, o pombo – correio está seleccionado à bastante tempo pela sua resistência e a sua capacidade para a competição.
. Existem em todas as cores: Azul, Vermelho, Branco, Negro, etc.., no entanto o factor cor não é determinante para a competição.A fêmea põe dois ovos por mês. Estes são incubados pelos pais durante 18 dias. Após nascerem, os filhos são alimentados pelos progenitores durante cerca de 4 semanas, idade com que os filhotes se tornam independentes.
O pombo-correio é uma variedade domesticada do pombo-comum ou pombo-das rochas (Columba livia). Foi escolhido porque, como todo pombo retorna geralmente a seu próprio ninho e a sua própria mãe, era relativamente fácil produzir seletivamente os pássaros que encontravam repetidamente o caminho de volta em longas distâncias.
Os pombos-correios foram usados para carregar mensagens escritas em papel claro fino em um tubo pequeno unido a um pé; por isso o nome de pombo-correio.
Atualmente os pombos são utilizados para fins desportivos (columbódromos e campeonatos), concursos e exposições.
Ave sensível e pacífica, de voo sereno e alegre, o pombo foi visto como uma ave sagrada por alguns povos e enaltecido por outros como animal protector. A pomba é hoje universalmente conhecida como símbolo da paz.
Darwin afirmava que o pombo doméstico já é mencionado durante a 5ª dinastia egípcia, ou seja 4.000 anos antes da nossa era. Mas, de facto, ninguém sabe dizer com certeza quando é que o pombo foi domesticado e utilizado pelo homem como portador de mensagens. Mas, sabe-se, que já Salomão mandou espalhar pombais por vários sítios do seu império para assim ser informado rapidamente do que se passava. Por sua vez, os gregos, que tinham aprendido com os caldeus e com os israelitas as vantagens dos pombos mensageiros, organizaram serviços de correspondência que lhes permitiram passar informação entre locais distantes. Esta rede era particularmente relevante durante os jogos olímpicos, para comunicar os resultados das competições. Dois mil e quinhentos anos depois, nas primeiras décadas do Sec.XX, quando o futebol se estava a implantar, também foram usados os pombos correios para comunicar resultados dos desafios.
Na 1ª Grande Guerra (1914/18) o estabelecimento de comunicações atravez dos pombos foi imprescindível. E na 2ª Guerra Mundial (1939/45) os serviços do Pacífico da BBC difundiram uma palestra em que se disse, a dado passo:” É um pouco irritante pensar que nestes dias de maravilhas científicas, especialmente no que diz respeito às comunicações globais via rádio, ainda dependamos tanto do simples facto de uma certa ave, cinzenta, pequena e elegante, estar sempre a querer ir para casa”.
Morfologia
.O Pombo – correio tem 50 cm de envergadura e pesa 450 gramas (peso médio), podendo viver cerca de 25 anos.
. A cabeça é redonda, com um bico bastante curto e sólido, onde estão as carunculas brancas, que adornam a parte superior do mesmo. As narinas estão na base das carunculas. As carunculas são por norma mais pequenas nas fêmeas e nos borrachos.
. O olho do pombo é redondo, a superfície é das pálpebras é mais ou menos importante, sendo a de coloração variável.
. O peito é largo, as asas são grandes e o seu extremo, em repouso chega à ponta da cauda. Quando o pombo é alimentado normalmente e tem boa saúde o seu corpo é muito redondo.
. As patas são avermelhadas. Normalmente a pata do pombo ergue-se sobre três dedos dianteiros e um traseiro.
O ponto de vista dos Columbófilos.
Alguns atribuem importância à cor do olho, guardando por exemplo os pombos cuja íris é verde, para a reprodução.
. O corpo é redondo, ligeiro, os músculos do peito inchados e de cor rosada, apresentado a pele pouca caspa.
. A plumagem é flexível, brilhante e limpa. A muda desenvolve-se normalmente.
. As carunculas são brancas.
. O pombo respira normalmente de bico fechado, sendo o interior do bico limpo e rosa. A fenda palatina abre-se normalmente na respiração e os bordos estão limpos. O fundo ga garganta é rosa e isento de mucosidades.
. As patas estão limpas.
A forma da quilha
. Se a distância dos peitorais é importante, diz-se que o peitoral é profundo ou então plano e redondo.
. A forma e longitude do peitoral induz a certas preferências. Nas exposições, os juízes dão mais crédito aos pombos, nos quais o peitoral é pouco profundo, e não demasiado grande, mas bem redondo e o perto da púbis, bem soldados.
. Ao nível dos rins, sobre as costas, perto da cauda da carcaça sólida.
A forma da asa: O elementos que determinam a rapidez.
. O braço deve ser curto e pegado ao corpo.
. O antebraço deve ser o mais curto possível e a asa traseira estreita.
. A mão e as suas penas, o mais largo possível.
Se o pombo está seleccionado para os concursos de Fundo (600 km e mais) pode ser bom que beneficie de um suplemento de apoio (asa traseira maior).
Os músculos.
. Os músculos do peito “inchados”. Devemos sentir a sua redondez em cada lado do peito.
. Os músculos da asa determinam a grossura da mesma.
As forquilhas
. A forquilha traseira é sólida e apertada. Pode-se admitir alguma separação no caso das fêmeas, quando estas estão no período de postura, altura em que os lados da forquilha se separam mais.
. A forquilha dianteira é grande, sólida e elástica.
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Pombo-correio |
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Pombo-comum |
Orientação
Os cientistas da Nova Zelândia revelaram que os pombos-correio têm minúsculas partículas de ferro no bico superior que funcionam como as agulhas de uma bússola. “Essas partículas, que poderíamos comparar a agulhas, giram e sempre indicam a direção norte”, explica Cordula Mora, coordenadora da pesquisa. Por conta da interação com o campo magnético da Terra. Por causa da composição e dos movimentos do interior do nosso planeta, ele acaba se comportando como um imenso imã, ou seja, ele produz um campo magnético parecido com o de um imã comum, com dois pólos. Além disso, esses pólos (chamados de magnéticos) coincidem aproximadamente com os pólos geográficos da Terra. A utilização de meios biológicos na comunicação humana é antiga. No caso dos pombos-correio (ordem Columbiformes, espécie Columba livia domestica) os primeiros registos datam do séc. XII na Pérsia (actual Irão), embora seguramente possam ser mais antigos.
A utilização destas aves assenta na sua capacidade de regresso aos locais de onde partiram. Assim, eram utilizados no passado, para transportar informações, em especial de natureza militar. Curioso que a Internet também surgiu de um objectivo militar…Foram feitas diversas experiências com o objectivo de avaliar a capacidade de regresso a casa dos pombos. Transportaram-se os animais em caixas de metal (a fim de evitar a localização magnética) e anestesiados, para locais remotos. Ainda assim, os pombos conseguiram regressar aos seus pombais de origem.
Tal como os mails, os pombos-correio chegam aos seus destinos em dias de sol e dias encobertos e, se treinados, viajam mesmo de noite. Das poucas condicionantes que inviabilizam o seu labor é a chuva forte. A navegação dos pombos é feita com base na observação do sol, por olfacto e por intermédio do uso de uma “bússola”. Foi detectada a presença de material ferromagnético (Fe3+) no bico destas aves.
Evolutivamente, esta capacidade de navegação parece ter-se desenvolvido para permitir um regresso seguro ao ninho após longas viagens em busca
Herói de Guerra
Cher Ami foi o único animal em guerra a ser condecorado com "Cruz de Guerra". E não é para menos, já que este pombo correio da Primeira Guerra Mundial foi o responsável por entregar 12 mensagens de vital importância ao quartel general estadunidense na França e salvar a vida de aproximadamente 200 homens.
Os alemães, que estavam alertados da utilização de pombos por parte dos estadunidenses, implementaram um grupo de atiradores em terra e até um pelotão de águias treinadas especificamente para caçar os mesmas, motivo pelo qual Cher Ami teve que enfrentar uma infinidade de perigos a cada viagem.
A mensagem que lhe valeu a medalha foi a que ajudou a resgatar o Batalhão 77, que tinha se perdido nas linhas inimigas durante a Batalha de Argonne, em 4 de Outubro de 1918. Cher Ami, apesar de ter fortemente ferido por causa de fragmentos de bala de um tiro contra seu peito, e, pelo qual, perdeu a visão de um olho, uma pata, e ficou empapado em sangue, seguiu voando até chegar ao quartel de Verdun, onde entregou a mensagem.
Foi desta maneira que graças às coordenadas obtidas na mensagem, conseguiram salvar 200 vidas. Depois desta façanha foi declarado Herói de Guerra e aposentado. Ao morrer foi embalsamado e hoje está exposto junto a sua medalha no Museu Nacional de História Americana. Um dos soldados salvos pelo pombo posteriormente lhe dedicou um poema que se tornou muito popular.
A mensagem que lhe valeu a medalha foi a que ajudou a resgatar o Batalhão 77, que tinha se perdido nas linhas inimigas durante a Batalha de Argonne, em 4 de Outubro de 1918. Cher Ami, apesar de ter fortemente ferido por causa de fragmentos de bala de um tiro contra seu peito, e, pelo qual, perdeu a visão de um olho, uma pata, e ficou empapado em sangue, seguiu voando até chegar ao quartel de Verdun, onde entregou a mensagem.
Foi desta maneira que graças às coordenadas obtidas na mensagem, conseguiram salvar 200 vidas. Depois desta façanha foi declarado Herói de Guerra e aposentado. Ao morrer foi embalsamado e hoje está exposto junto a sua medalha no Museu Nacional de História Americana. Um dos soldados salvos pelo pombo posteriormente lhe dedicou um poema que se tornou muito popular.
Darwin e os pombos
A origem dos pombos domésticos: a estratégia argumentativa de Darwin
No primeiro capítulo de A origem das espécies… (1859) e em dois capítulos de outra obra sua menos celebrada, Variation of animals and plantas under domestication (1868), Darwin discute a origem dos pombos domésticos. Especialmente na segunda obra, ele utiliza seus achados sobre a seleção artificial das raças do pombo doméstico como estratégia argumentativa em favor da descrição da ação da seleção natural.
Tudo começa em 1842, quando um Darwin já casado com sua prima Emma muda-se com a família para uma casa de campo, em cujo jardim começou a criar pombos domésticos. Totalmente imerso na nova vida, Darwin passou também a frequentar exposições em que se exibiam diferentes raças do animal e a participar de sociedades de criadores de pombos.
O resultado dessa imersão toda foi a identificação de que há mais de 150 tipos de raças de pombos domésticos e que estas diferem em tamanho, estrutura óssea, coloração, postura, forma corporal, distribuição da plumagem, capacidade de vôo etc. E as diferenças podem ser realmente de grande monta, como mostra a ilustração ao lado.
Darwin analisou as raças todas de que conseguiu tomar conhecimento, mediu e pesou os bichos e analisou até mesmo seus esqueletos, tendo identificado diferenças osteológicas no maxilar, fúrcula, crânio, número de vértebras, conexões entre vértebras e costelas e por aí vai.
A primeira providência foi classificá-los em 4 grandes grupos: os pombos de papo, os pombos carúncula (com um asqueroso tecido proeminente em volta do bico e dos olhos), pombos de bico curto e pombos peculiares. Acho que com peculiares ele quis dizer bizarro, pois colocou aqui todas as demais raças com alguma característica muito peculiar. Um exemplo é o pombo correio, cuja peculiaridade é sua habilidade de regressar à casa a partir de distâncias de centenas de kilômetros.
[embora peculiar mesmo seja o pombo-cambalhota, que acabou classificado no terceiro grupo por conta do seu bico curto. Por que cambalhota? Bem, os pombos dessa raça dão bizarras cambalhotas enquanto caminham ou mesmo no meio de um voo. E, claro, muitas vezes despencam que nem jaca. Eu vi o filminho; deprê! Mais deprê ainda é a razão das cambalhotas: eles sofrem de um distúrbio neurológico... Quer dizer, em ambiente natural eles não teriam durado muito, mas vamos lembrar que estamos falando de pombos domésticos, selecionados artificialmente pelo homem, porque alguém algum dia achou legal ter pombos que dão cambalhotas para mostrar em alguma exibição.]
A segunda providência foi refletir sobre sua história evolutiva. E ele pensou que as diferenças entre as raças de pombos domésticos eram tão grandes que se fossem encontrados em estado selvagem poderiam ser classificados como espécies, ou até mesmo gêneros, diferentes. Exatamente como ocorreu com os diversos exemplares de tentilhões que havia coletado nas Ilhas Galápagos em uma das paradas do Beagle, que acabaram classficados em 13 espécies de 5 diferentes gêneros.
Mas Darwin não era adepto da chamada “hipótese da origem múltipla” dos pombos domésticos, ou seja, não achava que as diferentes raças de pombos domésticos haviam surgido a partir de cruzamentos entre diversas espécies selvagens. Argumentava que os pombos domésticos não fazem ninhos em árvores ou no chão, como a maioria dos pombos selvagens.
Sobrou então para a espécie selvagem Columbia livia, o pombo de rocha, que ficou como suspeito de ser o “pai” de todas as raças de pombos domésticos. afinal este é um pombo selvagem que não faz ninho no chão ou em árvores. Não havendo a possibilidade de realizar um teste de paternidade à época, Darwin vestiu o jaleco de experimentador e mandou ver num cover de Mendel (cuja figura e cujos experimentos ainda estavam por “nascer”) e resolveu realizar cruzamentos entre os pombos domésticos.
O engraçado é o Darwin experimentador: realizou os cruzamentos e nem anotou as características dos descendentes, só falou se “dava” branco, cinza, malhado… Até aí, vá lá. Mas a parte que certamente faria Mendel enfartar é que Darwin achava que deveria ser possível obter algum pombo com a aparência do pombo de rocha cruzando entre si raças muito diferentes de pombos domésticos. Ele achava que esses cruzamentos poderiam reverter as características que haviam sido selecionadas artificialmente pelos criadores quando do surgimento espontâneo de algumas delas e que isso levaria a um indivíduo com o “fundo comum do original”.
Cruza daqui, cruza dali… eis que apareceu um cara e bico do pombo de rocha.
Moral da história: Darwin se pegou com a variabilidade para traçar a analogia com a seleção natural. Quer dizer, só foi possível realizar a seleção artificial porque havia variabilidade. E se o homem tinha sido capaz de produzir tantas raças de pombos domésticos em uma curta escala de tempo, a natureza poderia perfeitamente ter produzido modificações muito maiores ao longo milhões de anos, gerando continuamente diversas espécies. [c.q.d, diria Darwin]
Praga Urbana
Apesar de hoje os pombos-comuns serem considerados uma praga urbana e vetor de várias doenças,não devemos nos esquecer do quão importante essas aves foram para nos humanos ao longo da história.O crescimento urbano desordenado e a docilidade, aliada a familiaridade com os humanos,fez com que essas aves encontrassem um habitat perfeito com abundância de comida (lixo) e escassez de predadores,causando um aumento considerável em sua população. Hoje esses animais que chegam a causar até mesmo repugnância,vivem à sombra do que um dia foi símbolo de exuberância,imponência e beleza.
"A Sombra e a Escuridão", a história dos leões de Tsavo.
A construção da ponte em Tsavo
Em Março de 1898 os ingleses trabalhavam na construção de uma ferrovia no Quênia, leste da África. Para a construção de uma ponte sobre o rio Tsavo,o Coronel John Henry Patterson (1865-1947) engenheiro construtor de pontes, foi admitido em pela Companhia Britânica da África do Leste para supervisionar a sua construção,chegou à Mombasa, na costa, em 1º. de março. Viajou para Tsavo, a 160 quilômetros da costa, onde encontrou uma paisagem de árvores baixas e esquálidas, espessa vegetação rasteira e espinheiros.
John Henry Patterson (1867-1947) nasceu na Irlanda e entrou para o Exército Britânico aos 17 anos. Lutou na Guerra dos Boers e na 1ª. Guerra Mundial, e deixou o exército em 1920 após 35 anos de serviço. Passou seus últimos anos na Califórnia junto com a esposa Francis, onde ambos faleceram. Apesar de protestante, foi um grande defensor do Sionismo, seu corpo foi cremado e as cinzas enviadas para Israel. Poucos dias após sua chegada, soube que dois leões foram vistos rondando os arredores e que trabalhadores indianos começaram a desaparecer.Esse era o começo de uma carnificina que perduraria por cerca de nove meses.Os leões fracassaram nas sua primeiras tentativas de ataque,mas se tornaram ousados e experientes,fazendo com que pessoas se tornassem sua presa preferencial. As "bomas" (cerca de espinhos),não foram suficientes para deter os grandes felinos que encontravam pontos fracos em sua estrutura ou até mesmo saltavam por cima destas. Fogo ou mecanismos de som também não os assutavam. Do acampamento os trabalhadores podiam ouvir o som dos felinos devorando algum de seus companheiros a poucos metros dali,nem mesmo os tiros disparados em sua direção intimidava os animais. A coincidência dos ataques e da chegada de Patterson fez com que os trabalhadores lhe atribuissem má sorte. Os trabalhadores passaram a acreditar que os leões eram demônios e que não poderiam ser mortos.Eles estavam totalmente convencidos de que os espíritos revoltados partiram de dois chefes indígenas que tomaram aquelas formas, a fim de protestar contra a estrada de ferro que estava sendo construída em seu país, e decidiram parar o seu progresso para vingar o insulto A costrução da ponte chegou a ficar parada durante 3 semanas devido a grande evasão de trabalhadores assustados com os ataques.Apesar de todas as medidas tomadas como as barreiras de espinhos em torno dos acampamentos, fogueiras durante a noite e rigoroso toque de recolher após o anoitecer, os ataques aumentaram vertiginosamente.Patterson realizou incontáveis vigílias noturnas sem resultado, e até construiu um vagão-armadilha, mas quando um dos leões finalmente se deixou apanhar, os atiradores indianos do outro lado das barras (trilhos de trem) ficaram tão apavorados que apenas conseguiram feri-lo levemente. Uma bala perdida soltou uma das barras da porta e o leão escapou. O que mais impressionava era a forma incomum de abordagem, visto que eles atacavam sempre em dupla, e de forma estratégica e coordenada. Acredita-se que durante esses meses eles foram responsáveis por cerca de 140 mortes,embora os registros oficiais atribuem apenas 28,mas eles também foram responsáveis por dizimar parte da população local,do qual não há registro oficial.Conforme os relatos do Coronel Patterson, os leões caçavam em conjunto, e arrastavam suas vítimas a uma caverna para devorá-las. Esta versão é contestada por arqueólogos que dizem ser costumes tribais fazerem rituais humanos em cavernas da região e portanto, os ossos encontrados por Patterson não são evidência que aqueles homens foram vítimas dos leões. Várias teorias foram formuladas para explicar o comportamento anormal dos felinos,entre elas:
-A eclosão em 1898 de uma doença (Rinderpest disease) teria dizimado as presas usuais dos leões (herbívoros selvagens e gado doméstico), obrigando-os a procurar outra fonte de alimento.
-Os leões teriam se acostumado a encontrar cadáveres nas imediações do vau do Rio Tsavo. Caravanas de escravos vindas de Zanzibar passavam rotineiramente por ali., o que contribuiu para o número de corpos abandonados.
-Cremação incompleta praticada por trabalhadores hindus da ferrovia. Os leões se habituaram a procurar os corpos e desenterrá-los.
- Doenças dentárias que podem ter prejudicado o comportamento normal de caça, embora esta alegação seja controversa.
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Coronel John Henry Patterson (1865-1947) |
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O vagão-armadilha, que falhou |
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Patterson em sua tenda |
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"Boma" (cerca de espinhos) |
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Plataforma de tiro sobre uma árvore |
A morte do primeiro leão, 09/dezembro/1898 :
Pela manhã os leões haviam atacado um dos acampamentos, mas só conseguiram matar um burro. Ao seguir os rastros, Patterson descobriu um dos leões escondido em um espesso matagal. Reunindo um bando de trabalhadores indianos, fez com que avançassem em direção ao matagal, produzindo grande barulho com latas e gritos. Patterson colocou-se do lado oposto e aguardou. Como esperado, o leão, perturbado pela barulhada crescente, abandonou o burro morto e fugiu exatamente na direção do caçador. Patterson fez cuidadosa pontaria e puxou o gatilho, mas o rifle, que recebera emprestado recentemente, falhou. O susto foi grande e Patterson esqueceu-se de disparar o cano esquerdo , pois estava acostumado com seu próprio rifle, que era de repetição. Felizmente o leão só pensava em fugir e não o atacou. No último momento Patterson disparou o cano esquerdo e atingiu o leão, sem detê-lo contudo.
Como o burro ainda estava quase inteiro, Patterson supôs que um dos leões poderia voltar à noite e mandou construir um “machan” a uns três metros da carcaça, pois não havia qualquer árvore apropriada por perto. O “machan” tinha quatro metros de altura, constituído por quatro postes cravados no chão, inclinados para dentro, sustentando no topo uma tábua que servia de assento.
Ao anoitecer Patterson assumiu sua posição, e horas depois, na escuridão, ouviu o leão se aproximar denunciado por ligeiros ruídos no mato. Mas o leão ignorou a carcaça do burro e ficou mais de duas horas rodeando o “machan” e rugindo. Com os nervos à flor da pele, Patterson esperava que a qualquer momento o leão tentasse escalar a frágil estrutura ou pulasse até ele. Como se não bastasse, uma coruja veio voando e chocou-se contra sua cabeça, dando-lhe tremendo susto. Finalmente Patterson conseguiu distinguir a forma do leão o suficiente para tentar um disparo; o leão respondeu com tremendo rugido e começou a saltar em todas as direções. Patterson não podia mais vê-lo mas continuou atirando seguidamente na direção dos ruídos, que cessaram afinal. Só ao amanhecer Patterson desceu do “machan” e encontrou o leão morto, atingido duas vezes : uma bala entrou atrás do ombro esquerdo e atingiu o coração, e a outra atingiu uma perna traseira.
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Patterson e o leão FMNH 23970, morto em 09/12/1898 |
A morte do segundo leão, 29/dezembro/1898 :
Por sorte o primeiro leão morto era o maior matador de pessoas, e Patterson não relata em seu livro novas mortes. Ele não diz o dia exato em que, ao vigiar as carcaças de algumas cabras mortas pelo leão restante, conseguiu acertá-lo no ombro usando uma espingarda de dois canos carregada com balas sólidas (slugs). O leão foi derrubado mas levantou-se e fugiu antes que Patterson pudesse usar o rifle.
Menciona então que decorreram uns dez dias de calma, até que na noite do dia 27 o leão reapareceu e tentou agarrar alguns indianos que dormiam em uma árvore, e ele só pôde espantá-lo a tiros. Na noite seguinte Patterson e seu ajudante Mahina ficaram na mesma árvore, na esperança que o leão voltasse. E voltou mesmo; Patterson conta que ficou fascinado ao observar a fera habilmente usar cada arbusto disponível para se aproximar desapercebida. Esperou o leão se aproximar bastante, menos de vinte metros, e disparou seu rifle .303, acertando no peito, sem derrubá-lo. O leão fugiu em grandes saltos, e mais três tiros foram disparados, acertando o último.
Logo que amanheceu, Patterson arranjou um rastreador nativo e também levou Mahina com uma carabina Martini. Haviam percorrido menos de meio quilômetro quando o leão os atacou; o primeiro tiro somente o tornou mais furioso, e o segundo o derrubou. Mas o leão se levantou e continuou avançando, e um terceiro tiro não causou efeito aparente. Ao tentar pegar a Martini, Patterson descobriu que Mahina havia se apavorado e já estava no alto de uma árvore. Só restava a Patterson fugir também para a árvore, o que conseguiu por pouco. O leão, apesar de uma perna traseira quebrada por um dos tiros, quase o agarrou. Apoderando-se da carabina, Patterson atirou, e o leão caiu e ficou quieto. Empolgado, Patterson desceu da árvore imprudentemente e dirigiu-se para o leão, que imediatamente se levantou e atacou de novo. Mas um tiro no peito e outro na cabeça o mataram finalmente, e o leão tombou a menos de cinco metros de Patterson. Havia seis buracos de bala no corpo, e Patterson encontrou também uma das balas da espingarda cravada superficialmente na carne. Cada leão media mais de três metros de comprimento do focinho à ponta da cauda e foram necessários oito homens para carregá-los de volta ao acampamento.
Recomeço
Patterson foi imediatamente declarado um herói pelos trabalhadores e pelas populações locais, e a notícia do ocorrido rapidamente se espalhou por toda parte, como evidenciado pelos telegramas posteriores de felicitações que recebeu.Com a ameaça dos leões assassinos finalmente eliminada, os trabalhadores finalmente retornaram a Tsavo e a ponte ferroviária foi concluída em fevereiro de 1899. Patterson detalhou os ataques dos Leões em seu livro The Man-Eaters of Tsavo. O livro foi um grande sucesso o que lhe rendeu uma boa quantia em dinheiro, os crânios e peles foram vendidos para o Chicago Field Museum, nos Estados Unidos.
Disputa internacional
O Museu Nacional do Quênia diz que os animais representam uma parte importante da história do país e, portanto, deveriam fazer parte de seu acervo e de uma exposição itinerante que está sendo organizada.
"Vamos usar protocolos internacionais para repatriá-los...Seria bom tê-los de volta", disse Connie Maina, uma porta-voz do museu no Quênia.
Os leões de Tsavo
Os leões de Tsavo eram uma subspécie sem juba.A questão da falta de juba tem sido estudada, e causas como desequilíbrio hormonal (testosterona), parasitas e alimentação foram avaliadas. Um nível excessivo de testosterona poderia provocar um efeito similar à calvície nos leões e torná-los mais agressivos. Há inclusive casos documentados de uma situação oposta : leoas que desenvolveram jubas por desequilíbrio hormonal. Entre os problemas sugeridos - também teriam problemas nos dentes que por essa debilidade seria responsável por os levarem a procurar presas mais fáceis que seriam humanos dormindo. A própria revista 'Nature' relaciona diferenças nos dois casos onde os atuaispoderia demonstrar como efeitos provocados pela destruíção do habitat, mediante ao aumento populacional desordenado das cidades e a caça indiscriminada do próprio e suas presas que seria não umfenômeno isolado mas com equivalentes de ursos e outras espécies em todo mundo, o que facilitaria encontros do qual são normalmente fatais graças a força dos leões onde somente uma patada seria capaz de quebrar ossos e destruir órgãos internos reduzindo a chance desobrevivência a menos 40%. Os números se tornam alarmante onde somente na Tanzânia cerca de 900 ataques com 560 vítimas fatais foram registrados nos últimos 15 anos e na Étiopia tais ataques são relatados em sua maioria lavradores e crianças atacados durante o dia.
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Chicago Field Museum (EUA) |
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"A Sombra e a Escuridão" |
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Crânio de um dos leões |
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Detalhe das mandíbulas do leão FMNH 23969, mostrando um dente carniceiro superior esquerdo fraturado, e a polpa exposta. |
Filme
A história dos leões deu origem ao filme "A Sombra e a Escuridão" de 1996.
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